SEUL (AFP) – O polêmico fundador da Igreja da Unificação, o
sul-coreano Sun Myung Moon, mais conhecido no Brasil como Reverendo Moon,
ergueu seu primeiro local
de culto há 60 anos com materiais reciclados e acabou construindo um vasto
império religioso e econômico em escala planetária.
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Moon, que morreu no domingo
2 aos 92 anos, fundou uma igreja que proclama contar com três milhões de
membros em todo o mundo. Além disso, entre os fiéis da igreja estão dezenas de
empresas nos setores da construção, maquinaria pesada, alimentação, educação,
meios de comunicação e, inclusive, um clube de futebol profissional.
O império de Sun
Myung Moon, que se reuniu em 1991, em Pyongyang, com o então líder da Coreia do
Norte, Kim Il-Sung, tem interesses econômicos neste país comunista, onde
estabeleceu, em 1999, uma empresa afiliada à igreja, a Pyeonghwa (Paz) Motors.
Moon, que nasceu em uma família de agricultores no que hoje é a Coreia do
Norte, disse que viu Jesus aos 15 anos e que isso o inspirou a continuar com a
missão messiânica interrompida pela crucificação.
Por pregar na comunista Coreia do Norte
depois da Segunda Guerra Mundial, Moon foi torturado e enviado a um campo de
trabalho, segundo a biografia publicada em seu site. Ele teria deixado o campo
com a chegada dos soldados americanos durante a Guerra da Coreia.
Depois de ter caminhado até a cidade de
Busan, como refugiado de guerra foi rejeitado pelas igrejas protestantes
coreanas e, por isso, decidiu construir sua primeira igreja, recuperando
objetos jogados fora pelo exército. Em 1954, fundou a Igreja da Unificação, em
Seul, e definiu como a “Associação do Espírito Santo para a Unificação do
Cristianismo Mundial”.
Desde então, a
igreja enviou missionários ao Japão e aos Estados Unidos e seu fundador fez sua
primeira turnê mundial em 1965. Na década de 1970, instalou-se nos Estados
Unidos. Neste período, Moon se reuniu com Richard Nixon na Casa Branca e
desatou uma polêmica ao pedir aos americanos que perdoassem seu presidente
depois do escândalo de Watergate. No ano seguinte, enviou missionários a 120
países. Em 1981, Moon foi condenado por evasão fiscal nos Estados Unidos, uma
decisão motivada pelo desejo de tirá-lo desse país, segundo a igreja, e pela
qual passou mais de um ano na prisão.
No
Brasil, comprou mais de 40 terrenos no Mato Grosso do Sul. Em 2000, foi alvo de
uma investigação por parte de uma comissão parlamentar depois de ter adquirido
80.000 hectares de terras nos arredores de Jardim, uma comunidade de 24.000
habitantes a 200 km de Campo Grande. No mesmo ano, comprou o clube de futebol
Atlético de Sorocaba e também fundou uma escola primária em Jardim, onde um
terço dos estudantes é de membros de sua igreja. Os críticos da igreja
denunciaram a lavagem cerebral à qual submetia seus fieis, os chamados
“Moonies”, no mundo anglo-saxão.
Os ensinamentos
do culto de Moon se baseiam na Bíblia, mas são interpretados a seu modo e
chamados de heresia por outras organizações cristãs. “Moon vê Deus numa
perspectiva essencialmente coreana, combinando em uma forma cristã a paixão
xamânica e o modelo confuciano da família”, explicou Michael Breen em seu livro Os
coreanos. “Seu Deus é um pai pobre e solitário que sofre em um
mundo de filhos ingratos e malvados”, diz ainda.
A Igreja da Unificação é famosa pelos
casamentos em massa de seus membros. Moon presidia com frequência estas
cerimônias e unia pessoalmente os casais, formados por pessoas de
nacionalidades diferentes, sem um idioma ou uma cultura comuns. Moon teve 14
filhos, vários dos quais ocupam cargos em seu império. Hyung Jin Moon, o mais
jovem de seus sete filhos homens, sucedeu o pai na liderança da igreja em 2008.
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