De repente, a mãe, sempre tão atenta, parece apática. O pai não dá mais conta de suas tarefas. O que aconteceu enquanto estávamos trabalhando, cuidando dos filhos, desfrutando o cotidiano? Nossos pais envelheceram. A terceira idade deles pode ser tranqüila e ativa. Mas, talvez, eles sintam, assustados, a fraqueza do corpo e da mente ou enfrentem doenças típicas da fase, como Parkinson e Alzheimer. Em geral, nos recusamos a pensar nesses desdobramentos amargos da vida. Mas é preciso estar preparada para encarar a realidade. Uma das formas é começar agora a planejar o futuro.
Há três perguntas a ser respondidas: onde os idosos vão morar quando passarem a depender de ajuda no dia-a-dia? Quem vai estar por perto? Que recursos financeiros estarão disponíveis?
Esses assuntos devem ser discutidos por pais e filhos. Costumam ser conversas delicadas, que requerem muitos sentimentos e rearranjos do cotidiano. Mas adiá-las só faz aumentar as dificuldades. Além disso, o grupo acaba iniciando o planejamento familiar tarde demais.
As conversas têm outro papel importante: unificar informações. Todos passam a trabalhar com as mesmas preocupações, sejam elas sobre o estado de saúde do idoso ou sobre o saldo da conta bancária. Isso é fundamental para evitar atritos quando, no futuro, for preciso dividir tarefas e custos. Se houver um desequilíbrio na divisão, a balança tenderá a pesar para o lado do cuidador principal, quase sempre uma filha.
Recurso legal
Francisca Silva*, precisou recorrer à Justiça para conseguir que os irmãos ajudassem a pagar as despesas da mãe, portadora de Alzheimer. Além de remédios, um paciente com essa doença precisa de fraldas, cadeira de rodas, enfermeiros e fisioterapia. Como a responsabilidade estava nas mãos de Francisca, os outros filhos não se comprometiam. Acreditavam que a aposentadoria da mãe era suficiente para cobrir as despesas &<50; um engano. Portanto, ponha tudo em pratos limpos, pois é rara a família em que a ajuda ao idoso é partilhada de forma justa. Muitas vezes, o que se vê é um processo de acomodação: quem mora com a pessoa de idade ou toma mais iniciativas acaba patrocinando os custos.
Olho vivo nas contas
Preste atenção na hora de adquirir planos de saúde, de previdência e fazer investimentos para seus pais. Há muitas limitações nos contratos dos planos de saúde e essas restrições não devem ser aceitas. Antes de contratar um plano, questione: a empresa é idônea? De quanto será o reajuste da mensalidade quando o idoso entrar na próxima faixa etária? Quais os prazos de carência? Informações podem ser encontradas no site www.idec.org.br.
Comece cedo a procurar um plano de previdência privada. Faça projeções para saber quanto estará disponível todo mês. Lembre-se de que é necessário esperar, em média, quatro anos para resgatar ou aproveitar o retorno financeiro do investimento. Por isso, não é recomendável colocar todas as economias nessa carteira. Deixe parte delas em uma poupança ou fundo de renda fixa. Se o idoso tiver dois imóveis, o economista Mauro Halfeld recomenda vender um e aplicar o dinheiro.
Prepare-se para a inversão de papéis
Quem segue de perto os últimos anos de um idoso enfrenta outros problemas. Em primeiro lugar, fica sem tempo para si, já que ele se torna mais dependente. Ainda presencia a oscilação do humor do parente e o aparecimento de novos sintomas ou enfermidades a cada dia. 'O cuidador se desgasta, se cobra mais entrega e amarga a culpa por não haver melhora na saúde do idoso', diz o geriatra brasiliense Carlos Frattini Ramos.
Alguns filhos caminham no sentido oposto: sentem raiva do velho por acreditar que ele não colabora. De acordo com o médico, é preciso se preparar emocionalmente, analisar o relacionamento que existia antes e aparar as arestas.
Nessa fase, ocorre uma troca de papéis: você passa a doar e não mais a receber. Se houver mágoas antigas, tente desfazê-las, valorizando as boas lembranças. Retribua os carinhos do passado. Eles se converterão em fonte de gratificação.
Respeite o desejo deles
Leve em consideração as condições dos seus idosos. Pessoas saudáveis devem viver onde e como quiserem. Se seu pai prefere continuar sozinho no próprio apartamento, cercado de pilhas de jornal, que seja feita a vontade dele. Cabe aos familiares apenas observar se o velho está realmente bem e se precisa de algo. Talvez uma faxineira e muito carinho sejam tudo o que devemos oferecer a quem ainda tem autonomia.
Em outros casos, a saída pode ser uma boa residência de repouso. Essas instituições garantem bem-estar ao idoso que atingiu um alto nível de dependência e que necessita de atendimentos constantes. Hoje, as famílias são pouco numerosas para o revezamento de cuidados. Porém, se o seu familiar estiver lúcido e recusar a idéia, não insista. O afastamento forçado de quem ele ama significa um golpe. A internação pode levá-lo à perda do que lhe resta de liberdade e ainda à depressão. O quadro muda se a idéia partir do idoso, que pode preferir não ficar atrelado à rotina agitada e barulhenta de filhos e netos.
1. Não dê ouvidos a críticas da família
O geriatra Carlos Frattini sugere responder às críticas com um pedido de ajuda: 'Ah, você acha que mamãe deveria passear de cadeira de rodas mais vezes? Que tal você fazer isso dois dias por semana?'
2. Busque colaboradores fiéis
Não queira controlar tudo. Recrute irmãos, cunhadas e outros parentes para auxiliar. Discuta a possibilidade de contratar um assistente de enfermagem, com salário rateado. A supervisão do trabalho dele deve ser de responsabilidade de todos, que se organizam em escalas. Os parentes precisam saber que, além de cuidados físicos, o idoso também quer a companhia de alguém que converse, que conte as novidades da família e ainda o mantenha animado &<50; os netos podem se encarregar dessa parte.
3. Tenha outras ocupações
Lembre-se: sua tristeza não ajuda a mudar o estado de saúde do seu parente. É vital se divertir para se renovar - os benefícios atingem o idoso.
4. Os amigos devem ser mantidos
Não se feche acreditando não ter nada para dividir. Os amigos sabem que você está vivendo uma fase difícil. Telefone, marque encontros, eles podem ouvi-la e apoiá-la.
Fonte: M de Mulher
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