Ao longo das investigações dos crimes relacionados ao Convênio 71 84671/2009, que desencandeou a Operação Voucher que mandou para o presídio até o secretário executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, o TCU e o Ministério Público Federal descobriram que há outras fraudes em andamento em convênios firmados com o Ministério. Um dos convênios onde suspostamente há fraudes foi firmado em dezembro de 2008 entre o Ministério do Turismo e a Cooperativa de Negócios e Consultoria Turística – Conectur.
A Conectur inclusive era uma das “terceirizadas” do Ibrasi e é acusada de celebrar contratos fraudulentos com o Instituto. Seu presidente, Wladimir Silva Furtado, está preso.
Mas nesse outro caso que surgiu durante as investigações, aparece um convênio do Ministério com a Conectur, celebrado em dezembro de 2008, com vigência até junho de 2009, no valor de R$ 2.750.000,00 para realização de estudos e pesquisas sobre logística no turismo no estado do Amapá. Os recursos foram repassados de uma só vez no dia 24 de abril de 2009.
O vice-presidente da Conectur, Errolflyn Paixão, teve prisão temporária decretada. Prestou depoimento na PF em Brasília e foi liberado. Retornou na madrugada de hoje para Macapá. Na entrevista que fiz com ele agora há pouco ele disse que no seu depoimento à PF contou que na época da assinatura do convênio ouviu do próprio presidente da Cooperativa, Wladimir Silva Furtado, que os serviços não seriam realizados. O dinheiro entraria na conta da Conectur e imediatamente seria destinado à deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP). Disse também que desde 2006 estava afastado da Conectur, embora não tenha pedido legalmente seu afastamento. Segundo ele, a Conectur foi criada por um grupo de acadêmicos de Turismo, do qual ele e Wladimir faziam parte. Empolgados com a faculdade resolveram apostar no empreendedorismo e criaram a Cooperativa. “Quando me formei em 2006 e fui ser candidato a governador, deixei de lado a Cooperativa. Nunca mais fui lá. Meu erro foi não ter pedido legalmente meu afastamento”. Ele diz que soube do convênio quando encontrou “casualmente” com Wladimir e este lhe contou. “Não me envolvi em nada, não assinei nada, não tenho nenhuma participação nisso”, afirmou.
Tentei contato por celular com a deputada Fátima Pelaes. Sua assessoria informou que ela está em reunião e tão logo acabe a reunião retornará a ligação.
Fátima Pelaes está no quinto mandato de deputada federal. Em 2008 foi candidata a prefeita de Macapá. No segundo turno, contrariando orientação do seu partido – o PMDB – apoiou Camilo Capiberibe (PSB). Na eleição para o governo, em 2010, também apoiou Camilo Capiberibe o que garantiu o cargo de secretário de Estado para seu marido.
Errolflyn é fundador do PT no Amapá, secretário adjunto do Sindicato dos Servidores Públicos Federais, vice-presidente estadual do Partido dos Trabalhadores e faz parte da direção nacional da CUT. Em 2006 foi o candidato do PT ao governo do Amapá.
Wladimir Silva Furtado é ex-prefeito de Ferreira Gomes (AP) e foi candidato a deputado estadual em 2002 pelo PSDB. Quando prefeito de Ferreira Gomes (1996-2000) suas contas foram julgadas irregulares pelo Tribunal de Contas da União na prestação de contas de um convênio de R$ 100 mil firmado com o Ministério do Meio Ambiente, em 1999, para a melhoria das condições de coleta de lixo, a recuperação de uma praça, o desenvolvimento de ações de educação ambiental e o incentivo ao ecoturismo. O TCU constatou que R$ 70 mil foram aplicados para a compra de um veículo para coleta de lixo. Mas não foi comprovado o destino dos R$ 30 mil restantes.
FONTE: ALCINÉIA
FÁTIMA PELAES DIZ QUE SÃO LEVIANAS AS DECLARÇÃO DE ERROLFLYN
A deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP) considera levianas as declarações do vice-presidente da Conectur Errolflyn Paixão.
Errolflyn disse que em seu depoimento à Polícia Federal contou que num encontro casual com o presidente da Conectur, Wladimir Silva Furtado, este lhe informou que a Cooperativa estava assinando um convênio de R$ 2.750.000,oo com o Ministério do Turismo mas que os serviços não seriam realizados e o dinheiro iria para Fátima Pelaes.
A parlamentar estranhou as declarações de Errolflyn e considerou-as levianas. Questionou que se é verdade que Wladimir lhe disse mesmo isso por que Errolflyn não denunciou na época. “Se alguém fica sabendo de algo tão grave assim e não faz nada no mínimo é conivente”, disse Fátima.
Ela ressaltou que embora conheça Wladimir ele não faz e nunca fez parte de seu grupo político. “Prova disso é que a mulher dele, Ley Furtado, foi candidata a deputada federal. Se ele fizesse parte do meu grupo teria me apoiado e não lançado sua mulher.”
Mais uma vez a deputada reafirmou que não tem envolvimento nenhum com as irregularidades detectadas nos convênios do Ministério do Turismo e ressaltou que o próprio procurador da República no Amapá, Cleso Leal, tem dito em entrevistas que não indícios da participação dela no esquema.
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