Ok. Há coisas que, embora escandalosamente evidentes para alguns, demandam o concurso do tempo para que se mostrem a outros em sua crua obviedade. É claro que Muamar Kadafi é um tirano desprezível, um assassino que já recorreu, inclusive, ao terrorismo. Mas tudo o que li a respeito da crise líbia me diz que seus adversários do Leste estão longe de ser flores que se cheirem. Já escrevi muita coisa a respeito. Está tudo em arquivo. EUA e Grã-Bretanha foram muito além da resolução aprovada na ONU, e a Otan está metida numa guerra civil. Trata-se de um despropósito. Não vou repetir os argumentos. Ontem, o governo britânico expulsou do país o corpo diplomático fiel a Kadafi para dar posse aos representantes do governo de Benghazi. Tudo parecia caminhar no trilho certo para os ditos “rebeldes”. Leiam o que vai no Estadão Online, com informações da Reuters e da AP. Volto em seguida:
Líder militar de rebeldes líbios morre após ser afastado do front
O líder dos rebeldes líbios, Abdel Fattah Younes, morreu nesta quinta-feira, 28, de acordo com fontes ligadas aos rebeldes. Segundo a AP Younes foi morto por atiradores. Outras duas pessoas morreram com ele, de acordo com o líder do Conselho Nacional de Transição, Mustafa Abdul-Jalil. A morte de Younes foi anunciada por Jalil em uma coletiva de imprensa em Benghazi, a capital rebelde. Segundo ele, o líder do grupo que estaria por trás do assassinato foi preso. Jalil não deu mais informações, contudo. O anúncio foi feito horas após a revelação de que o líder militar rebelde teria sido preso. Younes havia sido chamado de volta do front de batalha contra as forças do ditador Muamar Kadafi, segundo a Reuters. O motivo do afastamento do líder militar rebelde não havia sido esclarecido. A agência disse apenas que ele estaria sendo “questionado”. Younes foi ministro de segurança de Kadafi e desertou em fevereiro, quando se uniu aos rebeldes nos confrontos militares contra as forças do ditador, que está no poder há 41 anos. De acordo com a agência, “circularam rumores de que ele era suspeito de ter tido conversas secretas com o governo de Kadafi”.
A AP disse ainda que a família de Younes ainda teria relações com o ditador líbio. Uma fonte rebelde disse à Reuters que Younes foi chamado da cidade de Brega nesta quinta, mas que não podia revelar os motivos.
“Descontente”
Um importante membro do Conselho Nacional de Transição rebelde confirmou à Reuters que Younes estava em Benghazi, mas disse que ele havia retornado do front “descontente com a situação”, e que as autoridades estavam tentando convencê-lo a retornar.A casa de Younes no reduto rebelde de Benghazi foi fortemente vigiada por soldados que haviam bloqueado a rua e não permitiam a passagem de pedestres, disse a Reuters.
Comento
Está na cara que se tratou de uma execução, com todas as características de conspiração. Antes de ser assassinado, Younes tinha sido afastado de suas funções. Ele disputava a liderança militar com Khalifa Hifter. Parece ter levado a pior. Agora os rebeldes dizem que ele e dois assessores foram mortos por atiradores, que teriam fugido em seguida. É mesmo, é? A versão não vale um centavo.
Os ditos “rebeldes” ainda nem chegaram ao poder e já estão exibindo um método de resolução de conflitos. Há relatos, que se colhem apenas nas margens da imprensa ocidental, de que o avanço das forças do Leste também se fez na base dos massacres. Que governo espera a Líbia quando Kadafi cair fora? Dá para ter uma idéia.
Por Reinaldo Azevedo
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