sábado, 21 de julho de 2012

GEORGE WHITEFIELD (1714 – 1770)




 Espie comigo através da janela da História e olhe para o século XVIII incrustrado com gênios:
Aquele pomposo almofadinha que vemos ali é Beau Nash, famoso por ser o mestre de cerimônias da elegante corte em Bath, Inglaterra. (Um pouco mais tarde John Wesley iria perfurar o seu orgulho).
Aquela personalidade que vem se aproximando agora não é outro senão a celebridade literária, Dr. Samuel Johnson. John Wesley, certa vez, declinou uma refeição até tarde com Johnson porque isso o deteria de acordar cedo na próxima manhã para orar. (Marque isso, pregador!). O companheiro do Dr. Samuel Johnson, com uma pena afiada, é Boswell (advogado escocês).
Em um despretensioso lugar não muito longe dali temos um homem elaborando desenhos, naquilo que iria se tornar uma famosa pintura: “The Blue Boy”. Parabéns, Gainsborough! (pintor inglês).
Em outra área, com suor na testa, alma e mente, Howard (xerife inglês) está trabalhando para efetuar reformas no sistema prisional inglês. Acima, no Parlamento, William Wilberforce (político inglês), com uma língua de escorpião, está açoitando os legisladores por causa dos males da escravidão.
Philip Sheridan, o teatrólogo irlandês e político, ficou cheio de orgulho da sua School for Scandal (“Escola para o Escândalo” – peça teatral). Por algum tempo Sheridan foi dono do Drury Lane Theatre. Eu ficaria maravilhado se ele tivesse David Garrick, o príncipe dos atores naqueles dias, atuando em suas peças.
Consegue ouvir aquelas melodias celestiais? Eis aqui outro típico inglês (naturalizado). Seu nome? Handel (compositor). Com os olhos cheios de lágrimas e seus braços levantados ao céu, esse gênio está cantando algumas das melodias do seu “Messias” (composição musical) e as entremeando com alguns “aleluias” (Será por isso que ele foi reputado como bêbado quando compôs seu bendito oratório?).
Ainda, antes de deixarmos a maravilhosa Inglaterra desse período e pularmos por sobre o canal (Canal da Mancha) para dar uma espiadela no gênio mal de Voltaire (filósofo francês), vamos espiar através de uma pequena janela. Aqui está a “cara lavada” de Hogarth (pintor e cartunista), pintando uma de suas sátiras políticas que o fizeram imortal.
Vamos à França agora. Voltaire senta-se poderosa e altamente em seu trono de ceticismo. Desmentindo que ele era um ateísta, esse brilhante deísta verteu desdém e sátira sobre as doutrinas cristãs. Se ele foi o pai da Revolução Francesa, ele provavelmente foi aguilhoado a fazer isso devido à perseguição e amargura dos Jesuítas que reinavam em seus benefícios sacerdotais.
Mas Voltaire aparenta ter sido um homem de compaixão também. Ele foi honesto em avaliação. Sangster de Westminster (pastor e teólogo) disse: “Voltaire, quando foi desafiado a apontar um caráter tão perfeito quanto o de Cristo, na mesma hora mencionou Fletcher de Madely” (homem que traiu o comandante de seu navio e acabou morto em uma conspiração. É uma famosa história literária inglesa. Foi usada por Ravenhill como uma sátira da “honesta” avaliação de Voltaire sobre Cristo).
Aqui então terminamos com uma visão geral do século XVIII e sua safra de intelectuais e homens de feitos heroicos. Cada um dos anteriormente mencionados teve um lugar ao sol. Cada um teve uma habilidade peculiar.
Mas o que Johnson e Boswell foram na literatura, o que Reynolds e Gainsborough foram nas artes, o que Sheridan e Garrick foram no teatro, John Wesley e George Whitefield foram na Igreja do Deus vivo – e somente eles foram tanto e em tão alto grau.
Aqui está um daqueles abençoados paradoxos que o Senhor produz. Assim como alguns anos antes os Beecher’s (culta família cristã) determinaram o comportamento na Nova Inglaterra (nordeste dos EUA), assim os Wesley’s, na Inglaterra, foram uma família de cultura e que definia padrões. Apesar disto, esse cavalheiro de Oxford, John Wesley, era o homem que o Senhor usou com os mineiros do interior de Bristol, Inglaterra. E aquele garoto vesgo nascido na taverna de Gloucester (George Whitefield) foi o Davi selecionado para suceder em preferência a Saul e Jonatas, com a missão de evangelizar o estado-maior da Inglaterra com todos os seus mantos de seda.

Fogo produz fogo. Em minha opinião, John Wesley tomou um pouco do seu zelo abrasador de George Whitefield. Nos dias de hoje alguns reivindicam que o avivamento, geralmente chamado de “Avivamento Wesleyano”, não foi o avivamento de Wesley coisa nenhuma. E ainda, eles dizem, ele (Wesley) não o começou. (Para provar ou desmentir isso, nós podemos esperar até o grande dia do julgamento).
No campo pregando, o inflamado Whitefield certamente precede Wesley. Wesley pegou a tocha do avivamento que Whitefield lançou quando foi para a América.
Whitefield chegou na América após um verdadeiro espancamento no tempestuoso Atlântico, a bordo de um barco que a Comissão Marítima não licenciaria nos dias de hoje para uma viagem no rio. Novamente Whitefield lançou a brasa do seu zelo. Dessa vez foi dentro do coração de Gilbert Tennant (um dos líderes do Grande Avivamento americano), que, como somos levados a crer, pôde superar seu tutor. (Isso parece impossível). Ainda maiores multidões enfrentaram as nevascas para ouvir Tennant depois que Whitefield deixou a Nova Inglaterra.
Esqueça por um momento os outros experimentos que Benjamin Franklin fez. Nesse instante veja-o parado diante do púlpito onde Whitefield estava. Chegando cada vez mais para trás até que não pudesse mais ouvir distintamente, ele marcou lá um ponto. Mais tarde ele calculou a distância e concluiu que 30.000 (trinta mil) pessoas ouviram o ungido Whitefield em apenas uma reunião, e o ouviram confortavelmente sem nenhum amplificador!
Mas as audiências de Whitefield nem sempre foram grandes. Em uma viagem através do Atlântico, quando ele possuía apenas 25 (vinte e cinco) anos – alto, gracioso e esbelto – ele discursou para um grupo de apenas trinta pessoas.
Seu púlpito era o oscilante convés de um barco cujas velas estavam esfarrapadas e os instrumentos de navegação completamente fora de operação! Seu cobertor era uma pele de búfalo, e ainda que ele tenha dormido na parte mais protegida do navio, ele tomou um banho completo por duas vezes durante uma única noite. O barco levou três meses para avistar a costa da Irlanda!
Sobre o Atlântico ou do outro lado dele, tanto pregando para alguns poucos em uma escotilha de barco quanto impactando arrebatadoramente uma vasta audiência no campo, a mensagem de Whitefield era a mesma: “Em verdade, em verdade, vos digo, a não ser que um homem nasça de novo, ele não pode ver o reino de Deus”.
A lâmpada que iluminou a vereda do Reino de Deus para Whitefield foi um livro. Em Oxford, Charles Wesley avistou Whitefield e lhe passou “A Vida de Deus na Alma do Homem”, de Henry Scougal.
Na América, Whitefield investiu através das florestas impenetráveis para alcançar os silvícolas (índios). De tribo em tribo ele foi de cabana a cabana. Para chegar às aldeias dos Delawares, ele se lançou nas furiosas corredeiras em uma frágil canoa indígena. Ele desentocou até mesmo os caipiras: todos os homens deveriam ouvir a mensagem; eles deveriam ter a vida de Deus em suas almas.
Das miseráveis aldeias dos silvícolas, esse pregador semelhante a um serafim, movia-se com a mesma tranquila disposição para as imponentes casas históricas da Inglaterra. De onde vêm aquelas carruagens? O que atraiu e reuniu aqueles poetas, lordes e príncipes, filósofos e letrados? Orgulhosos da sua linhagem e “sangue azul”, aqueles aristocratas vinham – muitos deles três vezes por semana – para ouvir as palavras ásperas: “Deveis nascer de novo”.
De uma câmara aristocrática com um pungente aroma de caríssimos perfumes, Whitefield arremetia-se para um encontro nas ruas. Tente pegar sua alegria quando ele diz: “Aqui eu sou honrado com pedradas, excremento, ovos podres e partes de gato morto atirados contra mim”!
Vindo de Gloucester como ele veio, Whitefield sabia que, por ser tão franco sobre as coisas de Cristo durante o reinado da Rainha Maria, o Bispo Hooper de Gloucester foi queimado enquanto tinha ao alcance dos olhos sua própria catedral. Whitefield não se importava com as consequências da obediência. Tyndale (publicador de uma das primeiras Bíblias inglesas) foi um homem de Gloucester também, e pense o que sua fé lhe custou!
Whitefield era do tipo: “Baxter-Brainerd-McCheyne”; ele usava o arnês (antiga armadura completa) da disciplina com tranquilidade. Ele cravou estacas profundas em sua própria mente. Seus “não farás” eram para si mesmo, e ele nunca forçou outros a vestir seus panos-de-saco (vestes de luto).
O elogio (?) do Papa sobre Lutero: “Essa besta alemã não ama o ouro”, poderia ter sido dito a respeito de Whitefield também.
Qual era o segredo do sucesso de Whitefield? Eu penso que três coisas: Ele pregou um Evangelho puro; ele pregou um poderoso Evangelho; ele pregou um Evangelho apaixonado.
Cornelius Winter (pastor), que frequentemente viajou, comeu e dormiu no mesmo quarto que Whitefield disse: “Ele raramente passava por um sermão sem lágrimas”. Do outro lado, uma senhora de posição em Nova Iorque disse: “o senhor Whitefield foi tão agradável que me tentou a ser cristã”.
Homens da literatura do seu tempo frequentaram seus encontros. Lord Chesterfield, frio como era, aqueceu-se sob sua pregação. Lord Bolingbroke, um crítico pouco generoso, disse: “Ele (Whitefield) é o homem mais extraordinário dos nossos tempos. Ele tem a autoridade e eloquência que nunca ouvi em ninguém”.
Foi dito de David Hume, o filósofo cético escocês – e um deísta como era – que saiu correndo às cinco horas da manhã para ouvir Whitefield pregar. Perguntado se ele acreditava no que o pregador pregava, ele respondeu: “Não, mas ele acredita”!
Franklin da América, um filósofo calculista e sangue-frio, disse sobre o avivalista Whitefield: “Foi maravilhoso ver a mudança efetuada pela sua pregação nos modos dos habitantes da Filadélfia. De descuidado ou indiferente acerca da religião, parece como se todo o mundo estivesse crescendo religioso”.
John Newton (compositor da canção “Amazing Grace”), um gigante da pregação tanto quanto da poesia, disse de Whitefield: “Parecia como se ele nunca pregasse em vão”.
Um comentário de John Wesley sobre ele: “Porventura já lemos ou ouvimos de qualquer pessoa que chamou tantos milhares, tantas miríades de pecadores ao arrependimento? Sobretudo, por acaso já lemos ou ouvimos acerca de qualquer um que tem sido um instrumento abençoado de Deus para trazer tantos pecadores das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus, como Whitefield”?
O velho Henry Venn de Huddersfield e Yelling (ministro evangélico e teólogo) declarou: “Raramente qualquer um igualou-se ao senhor Whitefield”.
George Whitefield caminhou com grandes homens, como o Marquês de Lothian, o Conde de Leven,  Lord Dartmouth e Lady Huntingdon. Mas melhor ainda, ele caminhou e falou com Deus. Ele ouviu o que Deus disse, viu o que Deus viu e amou como Deus amou. Um provérbio árabe diz: “É o melhor orador aquele que transforma os ouvidos dos homens em olhos”. Essa alma maravilhosa fez justamente isso.
Deus de Whitefield, dê-nos hoje homens como Whitefield, que podem permanecer como gigantes no púlpito, mas ao mesmo tempo homens com corações carregados, lábios inflamados e olhos transbordantes (de lágrimas).

E, Deus, por favor faça isso logo!
Traduzida da versão da Bethany House Publishers. Este artigo de Leonard Ravenhill foi veiculado no DAYSPRING, com direito autoral da Bethany House Publishers, 1963, um ministério da Bethany Fellowship, Inc. Todos os direitos reservados. Biografia protegida por direitos autorais.

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