III. A TEORIA DA
REENCARNAÇÃO
A teoria da
reencarnação se constitui no cerne de toda a discussão espiritista. Destruída
esta teoria, o espiritismo não poderá subsistir.
Sobre o assunto, escreveu Allan Kardec: "A reencarnação fazia parte dos
dogmas judaicos sob o nome de ressurreição... A reencarnação é a volta da
alma, ou espírito, à vida corporal, mas em outro corpo novamente formado para
ele que nada tem de comum com o antigo" (O Evangelho Segundo o
Espiritismo, pp. 24,25).
3.1. A Bíblia Nega a
Reencarnação
A Bíblia jamais faz
qualquer referência à palavra "reencarnação", tampouco confunde-a
com a palavra "ressurreição". Segundo o dicionário Escolar da Língua
Portuguesa, de Francisco da Silveira Bueno, "reencarnação" é o ato ou
efeito de reencarnar, pluralidade de existências com um só espírito; enquanto a
palavra "ressurreição", no grego, é anástasis e égersis, ou seja,
levantar, erguer, surgir, sair de um local ou de uma situação para outra.
No latim,
"ressurreição" é o ato de ressurgir, voltar à vida, reanimar-se.
Biblicamente, entende-se o termo "ressurreição" como o mesmo que
ressurgir dos mortos, e, em linguagem mais popular, união da alma e do espírito
ao corpo, após a morte física.
3.2. Ressurreição na
Bíblia
No decorrer de toda a
narrativa bíblica, são mencionados oito casos de ressurreição, sendo sete de
restauração da vida, isto é, ressurreição para tornar a morrer, e um de
ressurreição no sentido pleno, final — o de Jesus. Este foi diferente, porque
foi ressurreição para nunca mais morrer, não somente pelo fato de Ele ser Jesus,
mas porque, ao ressurgir, tornou-se Ele o primeiro da ressurreição real (1 Co
15.20,23).
A expressão "ressurreição dentre os mortos", como em Lucas 20.35 e
Filipenses 3.11, implica uma ressurreição da qual somente os justos
participarão. Os participantes da verdadeira ressurreição não mais morrerão (Lc
20.36). A referida expressão e tradução correta do original. A palavra
"dentre" indica que os mortos ímpios continuarão sepultados quando os
santos ressurgirem.
Os sete outros casos
de ressurreição na Bíblia, por ordem, são: o filho da viúva de Serepta (1 Rs
17.19-22); o filho da sunamita (2 Rs 4.32-35); o defunto que foi lançado na
cova de Eliseu (2 Rs 13.21); a filha de Jairo (Mc 5.21-23,35-43); o filho da
viúva de Naim (Lc 7.11-17); Lázaro (Jo 11.1-46); Dorcas (At 9.36-43).
O caso da ressurreição
de Jesus, que, como já dissemos, é diferente, acha-se registrado em Mateus
28.1-10; Marcos 16.1-8; Lucas 24.1-12; João 20.1-10 e 1 Coríntios 15.4,20-23.
Quanto à ressurreição
propriamente dita, escreve Allan Kardec: "A ressurreição implica a volta
da vida ao corpo já morto — o que a ciência demonstra ser materialmente
impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo foram, depois de muito
tempo, dispersos e absorvidos".
E evidente que esta
teoria de Allan Kardec não pode prevalecer, uma vez que se baseia em conceitos
de homens e não nas Escrituras, que declaram a possibilidade da ressurreição
dos mortos. Não é relevante citarmos aqui os casos de mortos que foram
ressuscitados antes de serem levados à sepultura. Vamos citar apenas dois
casos de mortos que foram levantados dentre os mortos após quatro e três dias
de sepultados: Lázaro e Jesus.
3.2.1. LÁZARO
O testemunho de João
capítulo 11 é que Lázaro:
a) estava morto
(vv.14,21,32,37);
b) estava sepultado já
havia quatro dias (vv. 17,39);
c) já cheirava mal
(v.39);
d) ressuscitou ainda
amortalhado (v.44);
e) ressuscitou com o
mesmo corpo e com a mesma aparência que possuía antes de morrer (v.44).
3.2.2. Jesus
O testemunho das
Escrituras quanto à morte e ressurreição de Jesus Cristo, é que:
a) Os soldados romanos
testemunharam que Cristo estava morto (Jo 19.33).
b) José de Arimatéia e
Nicodemos sepultaram-no (Jo 19.38-42).
c) Ele ressuscitou no
primeiro dia da semana (Lc 24.6).
d) Mesmo após
ressuscitado, Ele ainda portava as marcas dos cravos nas mãos, para mostrar que
seu corpo, agora vivo, era o mesmo no qual sofrerá a crucificação, porém,
glorificado (Lc 24.39; Jo 20.27).
3.3. Uma Teoria
Absurda
Procurando dar sentido
bíblico à absurda teoria da reencarnação, Allan Kardec lança mão do capítulo 3
de João para dizer que Jesus ensinou sobre a reencarnação. Os tradutores da
obra de Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, usaram a versão bíblica
do padre Antônio Pereira de Figueiredo como texto base de sua tradução,
grifando o versículo 3 do citado capítulo de João: "Na verdade te digo que
não pode ver o reino de Deus senão aquele que renascer de novo" (ênfase
minha), quando o versículo naquela versão é escrito da seguinte forma:
"Na verdade, na verdade, te digo, que não pode ver o reino de Deus, senão
aquele que nascer de novo" (ênfase minha).
"Renascer" já significa nascer de novo, enquanto "renascer de
novo" constitui-se numa intolerável redundância, mas não sem propósito por
parte do espiritismo, que por tudo procura provar que a absurda teoria da
reencarnação tem fundamento na Bíblia.
DE OLIVEIRA, Raimundo. Seitas e
Heresias: Um Sinal do Fim dos Tempos. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
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