O espiritismo é, sem dúvida, uma das heresias que mais cresce no mundo
hoje. O Brasil, particularmente, detém o triste recorde de ser o maior reduto
espiritista do mundo. O seu crescimento se dá, em grande parte, devido ao
fascínio que os seus ensinos exercem sobre as mentes das pessoas desprovidas
do verdadeiro conhecimento, e alienadas de Deus.
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Alheio à Palavra de Deus, e divorciado de toda a verdade, o espiritismo
tem se constituído numa espécie de "profundezas de Satanás", pronto a
tragar pessoas incautas que estão a buscar a Deus em todos os lugares e por
todos os meios.
I. RESUMO HISTÓRICO DO ESPIRITISMO
O espiritismo constitui-se no mais antigo engano religioso já surgido.
Porém, em sua forma moderna como hoje é conhecido, o seu ressurgimento se deve
a duas jovens norte-americanas, Margaret e Kate Fox, de Hydeville, Estado de
Nova Iorque.
1.1. Estranhos Fenômenos
Em dezembro de 1847, Margaret e Kate, respectivamente de doze e dez
anos, começaram a ouvir pancadas em diferentes pontos da casa onde moravam. A
princípio julgaram que esses ruídos fossem produzidos por camundongos e ratos
que infestavam a casa. Contudo, quando os lençóis começaram a ser arrancados
das camas por mãos invisíveis, cadeiras e mesas tiradas dos seus lugares, e
uma mão fria tocou no rosto de uma das meninas, percebeu-se que o que estava
acontecendo eram fenômenos sobrenaturais. A partir daí, as meninas criaram um
meio de comunicar-se com o autor dos ruídos, que respondia às perguntas com um
determinado número de pancadas.
1.2. Expansão do Movimento
Partindo desse acontecimento, que recebeu ampla cobertura dos meios de
comunicação da época, sessões espíritas propagaram-se por toda a América do
Norte. Na Inglaterra, porém, a consulta aos mortos já era muito popular entre
as camadas sociais mais elevadas. Por conseguinte, os médiuns norte-americanos
encontraram ali solo fértil onde a semente do supersticionismo espiritista
haveria de ser semeada, nascer, crescer, florescer e frutificar. Na época,
outros países da Europa também foram visitados com sucesso pelos espíritas
norte-americanos.
Na França, a figura de Allan Kardec é a principal dos arraiais espiritistas.
Léon Hippolyte Rivail (o verdadeiro nome de Allan Kardec), nascido em Lião, em
1804, filho de um advogado, tomou o pseudônimo de Allan Kardec por acreditar
ser ele a reencarnação de um poeta celta com esse nome. Dizia ter recebido a
missão de pregar uma nova religião, o que começou a fazer a 30 de abril de
1856. Um ano depois, publicou O Livro dos Espíritos, que muito contribuiu na
propaganda espiritista. Dotado de inteligência e inigualável sagacidade,
estudou toda a literatura afim disponível na Inglaterra e nos Estados Unidos, e
dizia ser guiado por espíritos protetores. Notabilizou-se por introduzir no
espiritismo a idéia da reencarnação. De 1861 a 1867, publicou quatro livros:
Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Céu e Inferno e Gênesis.
Allan Kardec, o pai do Espiritismo
Homem dotado de características físicas e mentais de grande resistência,
Allan Kardec foi apóstolo das novas idéias que haveriam de influir na
organização do espiritismo. Fundou A Revista Espírita, periódico mensal editado
em vários idiomas. Ele mesmo assentou as bases da "Sociedade Continuadora
da Missão de Allan Kardec". Morreu em 1869.
II. SUBDIVISÕES DO ESPIRITISMO
Embora consideremos o espiritismo igual em toda a sua maneira de ser,
os próprios espíritas admitem haver diferentes formas de espiritismo, assim
designadas:
2.1. Espiritismo Comum
Dentre as muitas práticas dessa classe de espiritismo, destacam-se as
seguintes:
a. Quiromancia - Adivinhação pelo exame das tinhas das mãos. O mesmo que
"quiroscopia".
b. Cartomancia - Adivinhação pela decifração de combinações de cartas
de jogar.
c. Grafologia - Estudo dos elementos normais e principalmente
patológicos de uma personalidade, feito através da análise da sua escrita.
d. Hidromancia - Arte de adivinhar por meio da água.
e. Astrologia- Estudo e/ou conhecimento da influência dos astros,
especialmente dos signos, no destino e no comportamento dos homens; também
conhecida como "uranoscopia".
2.2. Baixo Espiritismo
O baixo espiritismo, também conhecido como espiritismo pagão, inculto e
sem disfarce, identifica-se pelas seguintes práticas:
a. Vodu - Culto de negros antilhanos, de origem animista, e que se vale
de certos elementos do ritual católico. Praticado principalmente no Haiti.
b. Candomblé - Religião dos negros ioruba, na Bahia.
c. Umbanda - Designação dos cultos afro-brasileiros, que se confundem
com os da macumba e dos candomblés da Bahia, xangô de Pernambuco, pajelança da
Amazônia, do catimbó e outros cultos sincréticos.
d. Quimbanda - Ritual da macumba que se confunde com os da umbanda.
e. Macumba - Sincretismo religioso afro-brasileiro derivado do
candomblé, com elementos de várias religiões africanas, de religiões indígenas
brasileiras e do catolicismo.
2.3. Espiritismo Científico
O espiritismo científico é também chamado "Alto Espiritismo",
"Espiritismo Ortodoxo", "Espiritismo Profissional" ou
"Espiritualismo". Ele se manifesta, inclusive, como
"sociedade", como, por exemplo, a LBV (Legião da Boa Vontade),
fundada e presidida por muitos anos pelo já falecido Alziro Zarur. Esta classe
de espiritismo tem sido conhecida também como:
a. Ecletismo - Sistema filosófico dos que não seguem sistema algum,
escolhendo de cada um a parte que lhe parece mais próxima da verdade.
b. Esoterismo - Doutrina ou atitude de espírito que preconiza que o
ensinamento da verdade deve reservar-se a um número restrito de iniciados,
escolhidos por sua influência ou valor moral.
c. Teosofismo - Conjunto de doutrinas religioso-filosóficas que têm por
objetivo a união do homem com a divindade, mediante a elevação progressiva do
espírito até a iluminação. Iniciado por Helena Petrovna Blavastky, mística
norte-americana (1831-1891), fanática adepta do budismo e do lamaísmo.
2.4. Espiritismo Kardecista
O espiritismo Kardecista é a classe de espiritismo comumente praticada
no Brasil, e tem, como principais, entre as suas muitas teses, as seguintes:
a. Possibilidade de comunicação com os espíritos desencarnados.
b. Crença da reencarnação.
c. Crença de que ninguém pode impedir o homem de sofrer as conseqüências
dos seus atos.
d. Crença na pluralidade dos mundos habitados.
e. A caridade é virtude única, aplicada tanto aos vivos como aos mortos.
f. Deus, embora exista, é um ser impessoal, habitando um mundo
longínquo.
g. Mais perto dos homens estão os "espíritos-guias".
h. Jesus foi um médium e reformador judeu, nada mais que isto.
Evidentemente, o diabo é um demagogo muito versátil e maleável, capaz de
muitas transformações. Aos psicólogos, ele diz: "Trago-vos uma nova
ciência". Aos ocultistas, assevera: "Dou-vos a chave para os últimos
segredos da criação". Aos racionalistas e teólogos modernistas, declara:
"Não estou aí. Nem mesmo existo". Assim faz o espiritismo: muda de
roupagem, como o camaleão muda de cor, de acordo com o ambiente, ainda que, na
essência, continue sempre o mesmo: supersticioso, fraudulento, mau e diabólico.
DE
OLIVEIRA, Raimundo. Seitas e Heresias: Um Sinal do Fim dos Tempos.
Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
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