IV.
JOÃO BATISTA ERA ELIAS REENCARNADO?
Dirigindo-se a Jesus,
perguntaram-lhe os seus discípulos: "Por que dizem, pois, os escribas ser
necessário que Elias venha primeiro? Então Jesus respondeu: De fato (...)
Elias já veio, e não o reconheceram, antes fizeram com ele tudo quanto quiseram
(...) Então os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João
Batista" (Mt 17.10-13).
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Acerca de João Batista,
disse mais Jesus: "E, se o quereis dar crédito, é este o Elias que havia
de vir" (Mt 11.14).
4.1. Opinião
Espiritista
Prevalecendo-se do
literalismo destas passagens, escreveu Allan Kardec: "A noção de que João
Batista era Elias e de que os profetas podiam reviver na Terra, depara-se em
muitos passos dos Evangelhos, especialmente nos acima citados. Se tal crença
fosse um erro, Jesus não a deixaria de combater, como fez com muitas outras,
mas, longe disso, a sancionou com sua autoridade... 'É ele mesmo o Elias, que
havia de vir'. Aí não há nem figuras nem alegorias; é uma afirmação
positiva" (O Evangelho Segundo o Espiritismo, pp. 25, 27).
4.2. Objeção Bíblica
Um dos conceitos de
hermenêutica mais conhecido é aquele segundo o qual a Bíblia interpreta-se a si
mesma. Portanto, somos impedidos de lançar mãos de recursos alheios ao contexto
bíblico para interpretar o mais simples dos seus ensinos. A Bíblia mesma dá
respostas às suas indagações. A pergunta: "João Batista era Elias
reencarnado ou não?" responde o próprio João Batista, dizendo: "Não
sou" (Jo 1.21).
Sobre João Batista, diz Lucas 1.17: "E irá adiante dele no espírito e
virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes
à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem
disposto". Isto não quer dizer que João fosse Elias, mas que no seu
ministério haveria peculiaridades do ministério de Elias. De fato, a Bíblia não
trata de nenhum outro caso de dois homens, cujos ministérios tenham tanta
semelhança como João Batista e Elias. Lembra o refrão popular: "Tal Pai,
tal filho". Isto não quer dizer que o filho seja absolutamente igual ao
pai, ou que um seja a reencarnação do outro, mas sim, que existem hábitos
comuns entre ambos.
4.3. Cinco Pontos a
Considerar
Dentre as muitas
razões pelas quais cremos que João Batista não era Elias reencarnado, queremos
citar as seguintes:
• Os judeus criam que
João Batista fosse Elias ressuscitado, não reencarnado (Lc 9.7,8).
• Se os judeus
realmente acreditassem que João era Elias reencarnado e não ressuscitado, não
teriam em outra oportunidade admitido que Cristo fosse Elias ressuscitado. João
Batista e Cristo, que viveram simultaneamente por cerca de trinta anos, não
podiam ser Elias ressuscitado ou reencarnado, ao mesmo tempo (Lc 9.7,9).
• Se reencarnação é o
ato ou efeito de reencarnar, pluralidade de existências com um só espírito, é
evidente que um vivo não pode ser reencarnação de alguém que nunca morreu. Fica
claro assim que João Batista não era Elias, já que este não morreu, pois foi
arrebatado vivo ao céu (2 Rs 2.11).
• Se João Batista
fosse Elias, quem primeiro teria conhecimento disso teria sido ele mesmo e não
os judeus ou os espíritas. Àqueles que lhe perguntaram: "És tu
Elias?", ele respondeu desembaraçadamente: "Não sou" (Jo 1.21).
• Se João Batista
fosse Elias reencarnado, no momento da transfiguração de Cristo teriam
aparecido Moisés e João Batista, e não Moisés e Elias (Mt 17.18).
Fica evidente,
portanto, que a Bíblia não apóia a absurda teoria espiritista da reencarnação.
Até mesmo os chamados "fatos comprovados" da reencarnação,
apresentados pelos advogados do espiritismo, na verdade não comprovam coisa
alguma.
DE OLIVEIRA, Raimundo. Seitas e Heresias:
Um Sinal do Fim dos Tempos. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
PARTE 1
PARTE 2
PARTE 4
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